Os últimos oito anos (2015-2022) foram os mais quentes já registrados, segundo dados climáticos globais divulgados nesta terça (10). Produzido pelo Copernicus, o Programa de Observação da Terra da União Europeia, o relatório aponta ainda que a concentração de gases de efeito estufa bateu novos recordes. Enquanto isso, eventos extremos como a seca no verão europeu, a onda de calor na China e os alagamentos no Paquistão se multiplicaram.
O ano passado foi o quinto mais quente, apesar do fenômeno La Niña, que tende a causar resfriamento temporário no planeta — 2016 segue mantendo o recorde. Já na Europa, que teve o verão com temperaturas mais altas já registradas, 2022 foi o segundo ano mais quente.
Segundo os cientistas, a temperatura média global ficou 0,3ºC acima da média para o período de 1991 a 2020, e 1,2ºC acima dos níveis pré-industriais. Para Carlos Buontempo, diretor do serviço climático da União Europeia, o resultado do relatório não é “nem inesperado e nem surpreendente”, mas uma consequência da tendência de aquecimento do planeta. “Evento raro, agora, seria ver um ano realmente frio”, disse.
Já a vice-diretora do serviço climático do Copernicus, Samantha Burgess, enfatizou que as consequências das mudanças climáticas demandam ações imediatas para parar emissões e avançar em adaptação e mitigação: “2022 foi mais um ano de extremos climáticos na Europa e ao redor do mundo. Esses eventos evidenciam que já estamos vivendo as consequências devastadoras do aquecimento de nosso planeta. O último relatório evidencia claramente que, para evitar as piores consequências, a sociedade precisa ao mesmo tempo reduzir urgentemente as emissões de CO2 e adaptar-se rapidamente às mudanças no clima”, declarou.
Os dados sobre emissões de gases-estufa apresentados no relatório, no entanto, mostram que o planeta segue em direção oposta. Em 2022 foram registradas as concentrações mais altas de CO2 e gás metano desde que o programa iniciou suas medições. Se considerados levantamentos feitos por outras entidades científicas, “as concentrações são as mais elevadas em centenas de milhares a milhões de anos”, aponta o relatório.
Os números indicam que as concentrações de CO2 aumentaram, no ano passado, cerca de 2,1 partículas por milhão (ppm), alcançando uma média anual de 417 ppm. Já as concentrações de metano na atmosfera aumentaram cerca de 12 partículas por bilhão (ppb), totalizando 1894 ppb.
O aumento de dióxido de carbono, segundo os cientistas, se manteve na média dos últimos anos — o que está longe de ser uma boa notícia em um cenário que exige redução imediata das emissões —, enquanto o acréscimo de gás metano na atmosfera foi “significativmente maior do que a média dos últimos dez anos”.
Fonte: Observatório do Clima