A notícia

O presidente norte-americano Joe Biden convidou líderes do sudeste asiático para uma reunião com intuito de discutir a crise política em Mianmar. O Secretário de Estado, Antony Blinken, afirmou que Biden está avaliando a possibilidade de impor sanções mais duras contra os militares do país, responsáveis pelo golpe no início do ano. 

Blinken fez os comentários na quarta-feira (15) durante uma viagem à Malásia, onde descreveu a Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) como “essencial para a arquitetura da região do Indo-Pacífico”.

A ASEAN é um bloco econômico integrado por Brunei, Camboja, Cingapura, Filipinas, Indonésia, Laos, Malásia, Mianmar, Tailândia e Vietnã, além dos países observadores Papua-Nova Guiné e Timor Leste.

O bloco tem liderado esforços diplomáticos para resolver a crise em Mianmar, país que vive uma crise política e humanitária que se intensificou após militares derrubarem o governo civil de Aung San Suu Kyi em fevereiro deste ano. 

O golpe gerou (e gera) inúmeros protestos que foram reprimidos com violência. Nesses dez meses, inúmeros opositores foram presos e vários manifestantes morreram. Blinken disse que a situação em Mianmar “piorou” desde o golpe de fevereiro. 

“Acho que será muito importante nas próximas semanas e meses ver quais passos e medidas adicionais podemos tomar coletivamente para pressionar o regime militar a colocar o país de volta na trajetória democrática”, disse ele.

Saifuddin Abdullah, primeiro-ministro da Malásia, disse que o bloco precisa rever sua política de não interferência,  já que a situação em Mianmar parece estar fora de controle. É preciso lembrar que, hoje, a Malásia abriga cerca de 200 mil refugiados Rohingya, minoria muçulmana perseguida há décadas por diferentes governos militares e estigmatizada por grande parte da população budista. 

“Temos que fazer um exame de consciência”, disse ele, expressando esperança de que os ministros das Relações Exteriores da ASEAN, reunidos em janeiro, sejam capazes de esclarecer a posição do grupo sobre Mianmar e estabelecer demandas e limites claros a serem cumpridos pelos militares, além de um cronograma específico para completá-los.

Em Jacarta, Blinken afirmou que os EUA tendem a expandir suas relações militares e econômicas com os países parceiros do Indo-Pacífico para garantir que a região permaneça aberta e acessível. As preocupações americanas com a geopolítica da região vêm crescendo à medida em que as tensões entre China e EUA ganham força. A recém criada aliança militar entre EUA, Reino Unido e Austrália (AUKUS) é vista como uma tentativa de conter a expansão chinesa no âmbito regional (pacífico).


Fonte : Al Jazeera / Foto:  Foreign Affairs