Os Estados Unidos confirmaram a morte do líder da al-Qaeda, Ayman al-Zawahiri, em um ataque de drone na capital do Afeganistão, Cabul.

Al-Zawahiri era procurado pela inteligência norte-americana por ser considerado um dos mentores dos ataques de 11 de setembro de 2001. Ele assumiu a liderança do grupo terrorista islâmico após a morte de Osama bin Laden em 2011.

O presidente dos EUA, Joe Biden, autorizou o ataque, que ocorreu no último domingo (31 de julho). Autoridades de inteligência rastrearam al-Zawahiri e o encontraram em uma casa no centro de Cabul. Nenhum civil foi morto.

Segunda a reportagem da DW, autoridades internacionais acreditavam que ele vivia escondido entre o Afeganistão e o Paquistão. Ele costumava aparecer em vídeos defendendo a causa islâmica em sites sobre o tema, comentando eventos atuais e também lembrando seu compromisso contra aqueles que ele considerava inimigos do islã.

Uma das últimas aparições ocorreu justamente em uma gravação feita no ano passado, em ocasião do 20º aniversário dos ataques de 11 de setembro. No vídeo, intitulado “Jerusalém nunca será judaizada”, Al-Zawahiri, vestido com uma túnica e uma longa barba branca, fala por mais de uma hora sobre diversos temas, especialmente a respeito da causa palestina.

Durante os anos em que liderou a Al Qaeda, na última década, Al-Zawahiri viu a organização enfraquecer e sofrer várias ramificações. Com isso, presenciou, por exemplo, o surgimento do grupo Estado Islâmico (EI), a partir de uma divisão da própria Al Qaeda.

Biden disse esperar que a morte de al-Zawahiri traga conforto para as famílias das 3.000 pessoas mortas nos ataques às torres gêmeas. O presidente alertou ainda que Washington não permitiria que o Afeganistão se tornasse um “porto seguro para o terrorismo” novamente.

Um alto funcionário do governo dos EUA disse que al-Zawahiri estava na varanda de uma casa em Cabul quando foi alvo de dois mísseis Hellfire, uma hora após o nascer do sol. O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, acusou o Talibã de violar “grosseiramente” o Acordo de Doha ao hospedar e abrigar o líder da al-Qaeda. Assinado pelo Talibã e pelos EUA na capital do Catar em 2020, o pacto facilitou a retirada de forças internacionais do Afeganistão. Um dos pontos centrais do acordo para a “saída pacífica dos EUA” era que o Talibã garantisse a não proliferação e/ou o abrigo e treinamento de grupos terroristas em território afegão. 

O porta-voz do chefe do Talibã, Zabihullah Mujahid, disse que o ataque foi realizado em uma casa residencial na área de Sherpur, em Cabul, onde residem muitos líderes do Taleban. Mujahid disse que o ataque dos EUA foi uma “repetição das experiências fracassadas dos últimos 20 anos e vai contra os interesses dos EUA, do Afeganistão e da região”. O talibã afirma que desconhecia o paradeiro al-Zawahiride. A al-Qaeda, por sua vez, ainda não emitiu uma declaração.

Quem foi Ayman al-Zawahiri?

Al-Zawahiri, cirurgião de formação, nasceu no Cairo em 1951. Era membro de uma família de classe média de médicos e acadêmicos. Foi preso aos 15 anos por ser membro da então proibida Irmandade Muçulmana.

Em 1985, deixou o Egito e seguiu para o Paquistão, onde trabalhou como médico tratando de combatentes feridos nos conflitos contra as forças soviéticas que ocupavam o Afeganistão no contexto da Guerra Fria. Osama Bin Laden, que formou a al-Qaeda no Paquistão em 1988, sempre teve al-Zawahiri como seu braço direito.  

Ele foi indiciado nos EUA por seu papel nos atentados de 7 de agosto de 1998 contra as embaixadas dos EUA no Quênia e na Tanzânia, que mataram 224 pessoas e feriram mais de 5.000. Acredita-se também que ele tenha planejado o ataque de 12 de outubro de 2000 ao navio USS Cole no Iêmen, que matou 17 marinheiros americanos. Al-Zawahiri foi o segundo no comando durante a operação dos ataques de 11 de setembro e assumiu o grupo depois que Bin Laden foi morto em 2011.

Qual tem sido a reação internacional?

A Arábia Saudita anunciou a morte de al-Zawahiri, dizendo que “milhares de pessoas inocentes de diferentes nacionalidades e religiões, incluindo cidadãos sauditas, foram mortas por terroristas sob sua liderança.” O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, disse que os australianos se solidarizam  com as famílias de todas as vítimas dos “atos de terror” de al-Zawahri. Justin Trudeau, primeiro-ministro do Canadá, também disse que o assassinato de al-Zawahiri foi “um passo em direção a um mundo mais seguro”.

Seleção e Tradução: Paloma Rodrigues
Revisão: Victor Maurício

Fontes: Al Jazeera e DW Brasil.
Imagem: Vatican News