Fundado em 2016 pelo ativista de direita canadense-britânico Gavin McInnes, o Proud Boys é um grupo de extrema-direita, anti-imigrante, composto apenas por homens e com histórico de violência nas ruas contra grupos de esquerda.
O grupo desempenhou um papel fundamental no ataque ao Capitólio dos Estados Unidos no início do ano. Os Proud Boys foram os principais instigadores do motim. Foi o que descobriu uma investigação do Wall Street Journal. Desde o ataque, as autoridades americanas prenderam vários mebros do grupo.
Líder do grupo desde 2018, Henry Tarrio foi sentenciado a mais de cinco meses de prisão depois de admitir que queimou um banner Black Lives Matter tirado de uma igreja negra histórica em Washington durante uma manifestação pró-Trump em dezembro de 2020.
Tarrio, conhecido pelos seguidores como Enrique, foi preso no dia 4 de janeiro em Washington por um mandado de busca decorrente de um incidente em 12 de dezembro. Os Proud Boys e outros grupos marcharam em uma manifestação barulhenta pelo centro da cidade. A faixa foi roubada da Igreja Metodista Unida Asbury, uma das mais antigas igrejas negras em Washington.
Henry, 37 anos, de Miami, também se confessou culpado de tentativa de posse de um carregador de armas de alta capacidade, o que é ilegal em Washington. Os investigadores disseram que ele estava com o carregador quando voltou à cidade para os protestos de 6 de janeiro contra a contagem dos votos eleitorais no Congresso.
Ambas as acusações eram contravenções, puníveis com até seis meses de prisão. Os promotores federais recomendaram uma sentença de 90 dias de prisão seguida de três meses de liberdade condicional e uma ordem proibindo-o de retornar a Washington. Eles disseram que a queima da faixa “teve um profundo efeito emocional e psicológico sobre a igreja e seus membros” e que ele se gabou abertamente disso, inclusive nas redes sociais.
Um pastor sênior da igreja, o Rev. Dr. Ianther Mills, falou durante a audiência antes que a sentença fosse imposta. Ela chamou a conduta de Tarrio de “um ato de intimidação e racismo” e que ele tratou sua ação como “um troféu nas redes sociais”.Tarrio disse ao juiz que cometeu “um grave erro” ao queimar a faixa. “Eu me desculpo profundamente. Não vi as consequências do que fiz.”
Mas os promotores disseram que o vídeo feito durante a manifestação de dezembro mostrou que ele estava dentro e ao redor da propriedade da igreja enquanto outros membros dos Proud Boys roubaram a faixa. “Ele certamente sabia onde estava e de onde veio a bandeira que ele queimou – que tinha o nome de Asbury impresso nela.”
O juiz do Tribunal Superior Harold Cushenberg disse que Tarrio “não expressou remorso genuíno com credibilidade” e o sentenciou a um total de 155 dias. Tarrio foi condenado a se render à prisão de Washington em 6 de setembro.
A confissão de culpa e a sentença não tiveram relação com o motim de 6 de janeiro no Capitólio, no qual pelo menos três dezenas de membros ou seguidores dos Proud Boys foram acusados. Os promotores federais disseram em documentos judiciais que Tarrio, referido como o “presidente dos Proud Boys”, postou mensagens nas redes sociais que os membros do grupo planejavam “aparecer em números recordes em 6 de janeiro”.
Depois que Tarrio foi preso, disseram os promotores, outros membros do grupo assumiram o planejamento do que aconteceria quando o Congresso se reunisse para contar os votos da eleição para presidente.