Um novo ultimato à Arábia Saudita foi emitido pelos democratas no congresso americano: Washington suspenderá a venda de armas para Riad por um ano caso os árabes não voltem atrás na decisão de reduzir a produção de petróleo, medida anunciada pela OPEP+ em Viena, na Áustria.
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e a Rússia decidiram reduzir significativamente o volume diário de produção. Os ministros de energia da organização, agora chamada de OPEP+, anunciaram na última semana que dois milhões de barris de petróleo a menos deveriam ser produzidos todos os dias.
O objetivo dos países exportadores visa estabilizar o preço do petróleo, que caiu cerca de 30% nos últimos meses. Segundo a organização, a medida é necessária “dada a incerteza em torno das perspectivas econômicas e do mercado de petróleo global e a necessidade de melhorar a orientação do mercado de petróleo a longo prazo”. Leia aqui sobre a OPEP+
No congresso, a medida é vista como um grande erro por parte de um importante aliado no Oriente Médio. Os americanos alegam que, além de prejudicar seus consumidores, a redução da produção de petróleo contribui para “abastecer a máquina de guerra de Vladimir Putin”. Além disso, há claramente um temor de que surja uma aliança sólida entre Rússia e Arábia Saudita, o que poderia ter efeitos, por exemplo, sobre as negociações com o Irã.
Uma matéria publicada hoje no The Guardian aponta para a possibilidade de Mohammed bin Salman estar tentando inclinar a balança das eleições de meio de mandato do próximo mês em favor dos republicanos. Kimberly Halkett, da Al Jazeera, destacou que “isso realmente é visto como benéfico para os adversários políticos de Biden. Os altos preços da energia não são bons politicamente para o presidente”.
Na mesma publicação do Guardian, há uma série de depoimentos dos congressistas americanos que se indignaram com a decisão saudita. Ro Khanna, congressista democrata da Califórnia, disse que “Nós fornecemos muito não apenas em armas, mas em defesa, cooperação e iniciativas conjuntas de defesa para os sauditas. Eles obtêm quase 73% de suas armas dos Estados Unidos. Se não fosse por nossos técnicos, seus aviões não voariam… somos literalmente responsáveis ??por toda a força aérea deles”.
Richard Blumenthal, democrata de Connecticut, também demonstrou sua preocupação: “Estamos vendendo tecnologia avançada para um país que se alinhou a um adversário – a Rússia – que está cometendo crimes de guerra na Ucrânia. Portanto, há um imperativo moral, mas também um imperativo de segurança nacional.”
Foto: Bandar Al-Jaloud/Palácio Real da Arábia Saudita/AFP/Getty Images