O ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir, tornou-se um dos rostos mais controversos do governo de Benjamin Netanyahu. Líder do partido Otzma Yehudit (Poder Judaico), de extrema direita, Ben-Gvir é conhecido por suas posições abertamente antipalestinas, seu histórico de apoio a colônias ilegais na Cisjordânia e sua retórica incendiária, muitas vezes em desacordo com o direito internacional e os princípios básicos de direitos humanos. Em sua trajetória, coleciona episódios de incitação à violência e de defesa da repressão contra civis palestinos.
Nos últimos dias, Ben-Gvir voltou a causar indignação internacional ao declarar que recebeu apoio de políticos republicanos dos Estados Unidos para bombardear depósitos de alimentos e ajuda humanitária na Faixa de Gaza. A declaração foi feita após um jantar no resort Mar-a-Lago, na Flórida, com a presença de apoiadores de Donald Trump. “Os republicanos estão conosco. Eles entendem que precisamos atacar os armazéns de ajuda para pressionar o Hamas a libertar os reféns”, disse Ben-Gvir, segundo a Al Jazeera.
Embora não haja confirmação oficial por parte do Partido Republicano ou da Casa Branca, a afirmação gerou repercussão negativa tanto em círculos diplomáticos quanto em agências humanitárias. A Agência Anadolu destacou que tais ataques violariam os princípios básicos do direito humanitário internacional, que proíbe o uso da fome como método de guerra.
Desde março, Israel bloqueou totalmente as passagens para Gaza, impedindo a entrada de suprimentos essenciais, mesmo diante de denúncias de fome generalizada e colapso hospitalar. A ofensiva israelense, retomada em 18 de março, já causou a morte de mais de 51 mil palestinos, segundo números divulgados por autoridades locais, em sua maioria mulheres e crianças. A Corte Internacional de Justiça segue analisando o caso de genocídio aberto contra o governo de Israel, agravado por declarações como as de Ben-Gvir.
A crescente influência de vozes como a de Ben-Gvir, que promove abertamente a punição coletiva e o apagamento da resistência palestina, revela uma guinada preocupante na política israelense. Sua presença em eventos internacionais e a aproximação com alas radicais do Partido Republicano dos EUA evidenciam uma aliança que ultrapassa fronteiras e que ameaça escalar ainda mais a violência no Oriente Médio. Em vez de buscar soluções diplomáticas, o ministro opta por políticas de confronto absoluto, corroendo qualquer possibilidade de negociação e aprofundando o abismo humanitário na região.
