No último sábado (21), o político dinamarquês de extrema-direita, Rasmus Paludan, queimou uma cópia do Alcorão em frente a embaixada turca em Estocolmo na Suécia. Conhecido por seus discursos racistas e islamofóbicos, Paludan novamente apelou para a retórica da “liberdade de expressão”. Segundo a Extremist Monitoring Analysis Network, o político já havia chamado o Alcorão de “livro das prostitutas” e pediu que seus seguidores urinassem sobre o livro sagrado dos muçulmanos.

“A liberdade de expressão é parte fundamental da democracia. Mas o que é legal não é necessariamente apropriado”, tuitou o primeiro-ministro suéco, Ulf Kristersson.

“Queimar livros sagrados para muitos é um ato profundamente desrespeitoso. Quero expressar minha solidariedade a todos os muçulmanos que estão ofendidos com o que aconteceu hoje em Estocolmo”.

A última semana foi marcada por uma série de protestos em Estocolmo e em outras partes do mundo islâmico. Os manifestantes alegam que o ato de Rasmus Paludan deve ser encarado como crime de ódio contra a população muçulmana. No entanto, vários analistas afirmam que o contexto político da Suécia favorece o crescimento e a impunidade para esse tipo de crime.

É o caso de Farid Hafez, pesquisador da Universidade de Georgetown. Em uma matéria do Haaretz, ele afimou que o governo suéco, diferente de alguns anos atrás, está fazendo vista grossa para discursos e atos com teor islamofóbico. Parte disso, segundo ele, se deve ao cenário atual em que a Suécia depende do voto turco para ingresar na OTAN.

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, afirmou que a Suécia não deve esperar seu apoio para ingressar na organização.

Na segunda-feira (23), Erdogan se pronunciou afirmando que “Aqueles que permitem tal blasfêmia em frente à nossa embaixada não podem mais esperar nosso apoio. Se você não mostrar respeito às crenças religiosas da República de Turquia ou dos muçulmanos, não receberá nenhum apoio de nossa parte para a OTAN”.

Por Victor Maurício ( @professorvictormaurício )