Os protestos no Irã estão prestes a completar um mês. A onda de manifestações teve início quando uma jovem de 22 anos foi presa pela Polícia da Moralidade por utilizar o hijab (véu islâmico) de maneira incorreta. Mahsa Amini morreu sob custódia do Estado no dia 16 de setembro, três dias após ser detida. A Organização Forense Iraniana afirmou que a morte de Amini se deu em função de uma doença anterior e não por espancamento policial.  

As ruas da capital Teerã e de varias outras cidades foram tomadas por manifestantes no dia seguinte a morte de Mahsa. Em solidariedade, mulheres de todo o mundo postaram vídeos cortando seus cabelos, ato que, na cultura iraniana, é utilizado para simbolizar e expressar angústia e dor. 

A escalada de protestos chegou até mesmo às escolas, que iniciaram o período letivo na última segunda feira. Nas redes sociais viralizaram vídeos e fotos de meninas sem véu, postura proibida pela legislação iraniana, que obriga o uso do hijab por mulheres com 9 anos ou mais. Em registros publicados no Twiter, estudantes gritavam “não queremos uma República Islâmica”. As aulas estão suspensas.


Repressão
Desde o início a polícia vem agindo com violência para reprimir as manifestações. A televisão estatal iraniana informou que pelo menos 41 manifestantes e policiais foram mortos desde o início dos protestos em 17 de setembro. Os dados divulgados informam que cerca de 1500 manifestantes foram detidos, mas algumas ONG´s falam em mais de uma centena de mortos e vários milhares de detidos.

Os culpados
Em pronunciamento, o Aiatolá Ali Khamenei disse que os que protestam “são uma minoria” e precisam ser “disciplinados”. Além disso, acusou os inimigos estadunidenses e israelenses de estarem por trás das manifestações. “Quem é que planejou isto? Eu digo que o plano foi feito pela América e pelo falso regime sionista, assim como por seus agentes pagos e com a ajuda de alguns iranianos traidores no estrangeiro”, afirmou o lider xiita.

TV estatal hackeada
A Rede de Notícias da República Islâmica do Irã (IRINN) foi hackeada durante seu programa de notícias na noite de ontem. A invasão dos hackers ocorreu no momento em que o Aiatolá Khamenei aparecia em uma reunião na cidade de Bushehr, sul do país. Por poucos segundos, foi projetada uma imagem de Khamenei com um alvo em seu rosto, jutamente com fotos de mulheres mortas pelo regime nas últimas semanas.