Após anos de discussão, Líbano e Israel chegaram a um acordo e estabeleceram os limites de exploração de cada país no Mar Mediterrâneo. 

A problemática gira em torno de dois campos de gás natural, Qana e Karish. Durantes os últimos anos, foram propostas várias linhas para a delimitação da Zona Econômica Exclusiva de cada país (ZEE´s). É a delimitação dessas áreas marítimas que separa o que é nacional e internacional, ou seja, até onde cada país tem direito de explorar recursos econômicos sem invadir o território vizinho.   

Na última terça-feira (11), Libano e Israel concordaram com a delimitação da linha 23 (veja o mapa da AFP). Com esse recorte, o campo de Karish é controlado e explorado exclusivamente por Israel. Já o campo de Qana será explorado pelo Líbano, mas como a linha 23 passa por cima da área que possui as reservas de gás, Israel exigiu que o Líbano pague royalties pela parte explorada no perímetro de Israel. Ficou acordado também que a responsável pela exploração em todo o campo de Qana será a empresa francesa TotalEnergies.

Em resuno, os principais pontos que vieram a público são:

1. A linha 23 será a linha marítima oficial entre o Líbano e Israel.

2. O Líbano manterá integralmente seus direitos no campo de gás de Qana, incluindo a parte localizada ao sul da Linha 23 na zona econômica israelense.

3. Em troca da concessão territorial, Israel receberá uma compensação financeira da empresa francesa TotalEnergies, que está realizando a extração de gás no campo de Qana.

4. Israel adquirirá integralmente o campo de gás Karish, incluindo direitos de exploração e perfuração ao sul da Linha 23 dentro da zona econômica de Israel.


A presidência libanesa declarou que o acordo beneficia ambos os lados e é muito benéfico para a arrecadação econômica do país: “O Líbano obteve todos os seus direitos e todas as suas observações foram levadas em consideração”. 

Do lado Israelense, Eyal Hulata, conselheiro de segurança nacional e líder da negociação, afirmou que “todas as nossas demandas foram atendidas, as alterações que pedimos foram corrigidas. Protegemos os interesses de segurança de Israel e estamos a caminho de um acordo histórico”.

Em pronunciamento da Casa Branca, Joe Biden declarou que “o acordo proporcionará o desenvolvimento de campos de energia para o benefício de ambos os países, preparando o terreno para uma região mais estável e próspera e aproveitando novos recursos energéticos vitais para o mundo”. Os Estado Unidos foram os mediadores do acordo. 

Apesar do clima de comemoração, o governo libanês rapidamente se pronunciou afirmando que “não se trata de uma aliança com Israel”. Mas essa não é uma novidade, visto que os países não possuem relações diplomáticas estabelecidas e vivenciam conflitos desde 1948. Em Israel, enquanto o Primeiro Ministro Yair Lapid defende que o acordo vai diminuir as tensões com o Hezbollah e reduzir a influência do Irã no Líbano, seus oponentes políticos dizem o contrário, afirmando que as novas divisas orinundas da exploração de gás podem cair nas mãos grupo xiita e comprometer a segurança de Israel. 

Fontes: BBC, Al Jazeera e AFP